Ao longo de quase 60 anos de carreira, o norte-americano John Huston trabalhou como ator em 54 filmes e dirigiu outros 47. Os Vivos e os Mortos, de 1987, foi sua última obra. Com roteiro adaptado por seu filho Tony Huston, a partir do conto Os Mortos, de James Joyce, que faz parte do livro Os Dublinenses. Temos aqui uma história que se passa em Dublin, na Irlanda, no Dia de Reis, ou seja, 6 de janeiro, do ano de 1904. Tudo acontece na casa das irmãs Julia (Cathleen Delany) e Kate Morgan (Helena Carroll). Elas recebem amigos e parentes para uma ceia. Paralelo ao jantar realizam também um sarau de canções e poesias. O ambiente é acolhedor e envolvente e quando uma música triste é cantada por Bartell D’Arcy (Frank Patterson), ela faz com que Greta Conroy (Anjelica Huston) se recorde de um antigo amor. Gabriel (Donal McCann), seu marido, percebe a mudança na esposa e quer saber mais sobre aquela história. Huston apresenta as personagens de maneira econômica, mas não menos eficiente. Tudo o que precisamos conhecer sobre cada desses homens e dessas mulheres em cena se faz presente. Filmado com extrema delicadeza, o diretor nos brinda com um ato final carregado de beleza poética e amor pela vida. Coisa de mestre.
OS VIVOS E OS MORTOS (The Dead – Inglaterra/Irlanda 1987). Direção: John Huston. Elenco: Anjelica Huston, Donal McCann, Dan O’Herliht, Donal Donnelly, Cathleen Delany, Helena Carroll, Frank Patterson e Colm Meaney. Duração: 83 minutos. Distribuição: Look Video.