Não seria exagero comparar o estilo do cineasta japonês Hirokasu Kore-Eda com o do mestre Yasujiro Ozu, no sentido que ambos filmam sem parecer que estão filmando. Suas histórias costumam abordar temas familiares, sem contar a simplicidade com que elas são narradas. Em O Que Eu Mais Desejo, a partir de um roteiro original seu, Kore-Eda conta o drama de dois irmãos, Koishi (Koki Maeda) e Ryunosuke (Oshihiro Maeda). Os dois vivem na ilha de Kyushu, no Japão e estão separados por conta do divórcio dos pais. Cada um está agora em um lado da ilha. Certo dia, Koshi, o irmão mais velho, fica sabendo que se alguém fizer um pedido no exato momento em que dois trens cruzarem, esse desejo será realizado. O que ele mais deseja é ter sua família reunida outra vez. Quer algo mais simples que isso? Será que essa premissa rende um filme? Nas mãos de um diretor pouco talentoso, talvez nem saísse do papel. E se saísse, talvez ficasse piegas. Não é o que acontece com Hirokasu Kore-Eda neste O Que Eu Mais Desejo. Trabalhando predominantemente com um elenco de crianças, ele extrai desempenhos iluminados e singelos e nos conduz por caminhos cheios de beleza e carregados de uma espontaneidade rara em qualquer filmografia.