O inglês Anthony Harvey começou sua carreira como montador. Entre os filmes que montou, existem três que se destacam: Lolita, Dr. Fantástico (ambos de Stanley Kubrick) e O Espião Que Veio do Frio (de Martin Ritt). A estreia como diretor acontece em 1967, com Dutchman. No ano seguinte, ele dirigiu este O Leão no Inverno, sua obra mais conhecida. Baseado na peça de James Goldman, que também escreveu o roteiro, o filme conta uma história de disputa de poder. O rei Henrique II (Peter O’Toole), está separado da rainha Eleanor de Aquitônea (Katharine Hepburn) e a mantém presa. Ele decide reunir a família, incluindo a esposa, e pretende aproveitar o momento para escolher seu sucessor. Muitos críticos trataram O Leão no Inverno como um “teatro filmado”. Disseram que o filme não é cinematográfico. Pode até ser. Realmente, não há muita criatividade nos enquadramentos e nos movimentos de câmara. Mas, isso tudo é bobagem. O que se sobressai mesmo e justifica plenamente a conferida, é o trabalho dos atores. Em especial, O’Toole e Hepburn. Com diálogos soberbos, afinadíssimos e carregados de malícias e, ao mesmo tempo, sutilezas. Os dois possuem uma presença magnética em cena. E não posso esquecer da bela trilha sonora composta por John Barry. Não foi por acaso que o filme ganhou os Oscar de melhor atriz (o terceiro de Hepburn), trilha sonora e roteiro adaptado. O’Toole, injustamente, não foi premiado naquele ano. Em tempo: preste atenção em dois jovens atores em começo de carreira: Anthony Hopkins (Richard) e Timothy Dalton (Philip II).