Da mesma forma que Ingmar Bergman inspirou muitos cineastas, ele também teve o trabalho de diversos diretores como inspiração. É o caso de Luz de Inverno, segunda parte da Trilogia do Silêncio, que teve como modelo O Diário de Um Pároco de Aldeia, um clássico do cinema que Robert Bresson dirigiu em 1950. Tudo começa quando um pescador, Jonas Persson (Max von Sydow), lê nos jornais uma notícia sobre a pretensão da China de usar uma bomba nuclear. Ele procura o pastor, Tomas Ericsson (Gunnar Björnstrand), que enfrenta uma crise de fé pela mesma razão. O roteiro de Bergman discute a Guerra Fria entre as grandes potências do mundo da época, início dos anos 1960. A bela fotografia de Sven Nykvist, um dos mais constantes colaboradores do diretor, reforça o tom reflexivo que o cineasta imprime ao tema. Bergman nunca foi de deixar as coisas pela metade. Em Luz de Inverno, mais uma vez, ele, que era filho de um pastor, questiona aqui, como em muitos de seus filmes, a existência de Deus. Mas, nunca o faz de maneira rasa. Suas colocações denotam angústia e dor e as personagens de Jonas e Tomas expressam a visão de mundo e de fé do diretor.
LUZ DE INVERNO (Nattvardsgästerna – Suécia 1962). Direção: Ingmar Bergman. Elenco: Gunnar Björnstrand, Gunnel Lindblom, Ingrid Thulin, Max von Sydow, Elsa Ebbesen, Allan Edwall e Olof Thunberg. Duração: 81 minutos. Distribuição: Versátil.
Uma resposta
Ingmar Bergman. Pouco nomes trazem esta força no cinema. Digo, no cinema autoral!