Quando se fala em Bob Fosse, a primeira associação que fazemos é com musicais. Nada de errado com isso, afinal de contas, dos cinco filmes que ele dirigiu, os três mais conhecidos são musicais: Charity Meu Amor, Cabaret e All That Jazz: O Show Deve Continuar. Fosse também era coreógrafo e dirigiu muitos espetáculos na Broadway. Lenny, seu terceiro longa, é uma das exceções da regra. O roteiro do filme, adaptado por Julian Barry a partir de uma peça de sua autoria, conta a trajetória do comediante Lenny Bruce, interpretado aqui por Dustin Hoffman. A história se desenrola entre as décadas de 1950 e 1960. O humor de Lenny, sempre ácido contra a sociedade americana da época, chocava as plateias. Apesar disso, ele obteve um enorme sucesso, e mesmo assim, não se dobrou aos padrões sociais e acabou se envolvendo em um escândalo atrás do outro. Lenny foi um fracasso de bilheteria quando foi lançado nos cinemas. Muitos acharam que se tratava de um filme europeu. Fosse optou por fazer um docudrama em preto e branco. Hoffman está excepcional. O mesmo pode ser dito da bela Valerie Perrine, mais conhecida como a parceira de Lex Luthor no primeiro Superman. Perrine ganhou a Palma de Ouro de melhor atriz no Festival de Cannes. Lenny foi indicado a seis Oscar e não levou nenhum. Uma curiosidade: O filme nunca foi exibido nos cinemas brasileiros por causa de seu conteúdo. Na época do lançamento nenhum distribuidor quis comprá-lo porque havia a certeza de que o filme seria censurado pelo governo militar.