O cineasta austríaco de origem judia Otto Preminger se exilou nos Estados Unidos em meados dos anos 1930 por conta da ascensão do nazismo na Europa. Famoso por sua versatilidade e pelos temas polêmicos que costumava abordar em seus filmes, Preminger também atuava e, ironicamente, por conta de seu forte sotaque, fez muitos papéis de nazista em Hollywood. Laura, que ele produziu e dirigiu em 1944, não só é considerado sua obra-prima como também é um dos maiores exemplos do cinema noir feito na década de 1940. Com roteiro de Jay Dratler, Samuel Hoffenstein, Betty Reinhardt e Ring Lardner Jr, escrito a partir do livro de Vera Caspary, trata-se de uma trama de mistério cheia de reviravoltas. O detetive Mark McPherson (Dana Andrews) investiga a morte de Laura Hunt (Gene Tierney), uma bela e sedutora mulher que foi assassinada pouco antes de seu casamento com Shelby Carpenter (Vincent Price). O filme começa com o detetive colhendo o depoimento de Waldo Lydecker (Clifton Webb). Todos eram fascinados por Laura e todos são suspeitos. Preminger conduz sua trama com elegância e vai estruturando a narrativa em flashbacks e relatos das pessoas que conviviam com a vítima. Aos poucos, Mark, e nós também, acabamos seduzidos por ela. Originalmente, o filme seria dirigido por Rouben Mamoulian, com Preminger atuando apenas como produtor. No entanto, o resultado inicial não agradou e Preminger acumulou a direção e fez alguns ajustes no roteiro. Indicado a cinco Oscar, Laura ganhou apenas um, pela belíssima fotografia em preto-e-branco de Joseph LaShelle.