É comum ouvirmos dizer que os homens têm dificuldade para expressar seus sentimentos. No cinema, assim como na vida, a situação não é muito diferente. É raro vermos filmes que tratam de amor e paixão sob a ótima masculina. Gigante, uma produção uruguaia escrita e dirigida pelo argentino Adrián Biniez é uma exceção. O filme conta a história de um segurança de supermercado, Jara, vivido de maneira comovente pelo ator Horacio Camandule, que se apaixona por Julia (Leonor Svarcas), uma moça da limpeza. Jara a conhece pelo sistema de vigilância e passa a segui-la diariamente pelo circuito fechado e pelas ruas de Montevideo. Longa de estréia de Biniez, que antes havia realizado dois curtas, Gigante é um filme cheio de silêncios e de pausas que estão de acordo com a maneira como o gigante Jara vê o mundo. Tímido e inseguro, seu porte físico e sua altura passam uma idéia equivocada de seu verdadeiro interior. Com habilidade e extrema sensibilidade, Biniez constrói uma pequena história de amor carregada de ternura. Preste atenção na criatividade do roteiro. Principalmente, no recurso utilizado pelo diretor para a primeira troca de olhar entre Jara e Julia e vice-versa. Isso ocorre em momentos distintos, porém, com o mesmo artifício.
GIGANTE (Uruguai 2009). Direção: Adrián Biniez. Elenco: Horacio Camandule, Leonor Svarcas, Fernando Alonso e Diego Artucio. Duração: 84 minutos. Distribuição: Imovision.
Uma resposta
“Gigante” é, sem querer abusar do trocadilho, um Biniez gigante.