Night Shyamalan se reinventou a partir de A Visita, filme que ele escreveu e dirigiu em 2015, após uma década de fracassos seguidos. As lições aprendidas naquela produção de baixíssimo orçamento permitiram ao diretor retomar o controle criativo de sua carreira. Chegou então a vez do filme seguinte, aquele que mostraria se ele realmente estava no caminho certo. Com roteiro próprio, Fragmentado conseguiu ir mais longe ainda dentro da nova postura do diretor: menos é mais. Com um custo de nove milhões, a obra faturou 277 milhões ao redor do mundo, apenas nos cinemas. Shyamalan tornou-se um nome quente outra vez. A história nos apresenta Kevin Wendell Crumb (James McAvoy), um homem que desenvolveu 23 personalidades distintas. Um pouco mais que a Sybill, vivida por Sally Field na famosa minissérie dos anos 1970, que tinha “apenas” 16. Ele sequestra três garotas: Casey (Anya Taylor-Joy), Marcia (Jessica Sula) e Claire (Haley Lu Richardson). No cativeiro, elas são “visitadas” por Dennis, Patricia, Hedwig e A Fera. Algumas outras aparecem em vídeo, sem esquecer as que conversam com a Dra. Karen Fletcher (Betty Buckley), psicóloga de Kevin. O desempenho de McAvoy é assombroso e carregado de sutilezas, para dizer o mínimo. E Shyamalan, um cineasta com pleno domínio narrativo, constrói um clima contínuo de suspense e tensão que nos mantém atentos até o final surpreendente. Falta dizer mais alguma coisa? Talvez um “seja bem-vindo de volta, M. Night Shyamalan”. Seguido de et cetera, et cetera.

FRAGMENTADO (Split – EUA 2016). Direção: M. Night Shyamalan. Elenco: James McAvoy, Anya Taylor-Joy, Betty Buckley, Haley Lu Richardson, Jessica Sula, Neal Huff, Brad William Henke, Sebastian Arcelus e Izzie Coffey.  Duração: 117 minutos. Distribuição: Universal.