O sueco Ingmar Bergman sempre foi um cineasta que olhou mais para dentro do que para fora do ser humano. Poucos artistas souberam desnudar a alma, o íntimo das pessoas como ele. Religião, família e a proximidade da morte eram temas recorrentes em sua vasta obra. Face a Face, que ele escreveu e dirigiu em 1976, estava previsto inicialmente para ser lançado como uma minissérie em quatro partes para TV. No final, os 200 minutos filmados foram reduzidos para 130 e terminou indo direto para os cinemas. O filme é estrelado pela mais bergmaniana das duplas: Liv Ullmann e Erland Josephson. Face a Face conta o drama da Dra. Jenny Isaksson (Ullmann), uma psiquiatra de sucesso que vive assombrada por visões perturbadoras e está à beira de um colapso nervoso-depressivo. Bergman mergulha fundo nos conflitos vividos pela personagem e extrai de Ullmann um dos melhores desempenhos de sua carreira. Face a Face não costuma ser muito lembrado quando se fala da filmografia deste grande mestre sueco. Para muitos, trata-se de uma obra menor do universo do cineasta. Menor? Aí eu penso cá comigo: como seria bom se todos os filmes “menores” fossem assim.