O cineasta brasileiro Fernando Meirelles começou fazendo televisão. Depois, migrou para a publicidade e, por fim, chegou ao cinema. Seu terceiro longa, Cidade de Deus, chamou a atenção do mundo e tornou-se um dos filmes mais influentes da primeira década dos anos 2000. Isso abriu as portas para Meirelles, que dirigiu em seguida sua primeira obra internacional, O Jardineiro Fiel. Fascinado por desafios, ele então assumiu a direção de um filme baseado no livro de José Saramago, considerado por muitos como infilmável: Ensaio Sobre a Cegueira. O romance foi adaptado pelo ator e roteirista Don McKellar, que faz o papel do ladrão no filme, e conta a história de uma inexplicável epidemia de cegueira que acomete o planeta. As pessoas passam a ver somente uma superfície leitosa. Por conta disso, a epidemia passa a ser chamada de “cegueira branca”. Inicialmente, o Estado tenta controlar a situação e segrega os infectados. A medida se revela inútil a partir do momento que todos ficam cegos. O caos se instala. Apenas uma mulher mantém a visão, Julianne Moore, que vive a esposa do médico, interpretado por Mark Ruffalo. O texto de Saramago lembra, em muitos aspectos, a visão de mundo do cineasta Stanley Kubrick. Ambos deixam claro sua descrença no ser humano. Meirelles realiza um filme impactante, carregado de angústia e desesperança. Aquela máxima de que o homem se torna melhor em momentos difíceis não se aplica aqui. Não se trata de uma obra fácil. Assim como o livro, a versão cinematográfica de Ensaio Sobre a Cegueira incomoda e nos chama à reflexão. E se nos faz pensar, já é um bom sinal.
ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA (Blindness – Canadá/Brasil/Japão 2008). Direção: Fernando Meirelles. Elenco: Julianne Moore, Mark Ruffalo, Alice Braga, Danny Glover, Gael García Bernal, Yusuke Iseya, Don McKellar e Maury Chaykin. Duração: 121 minutos. Distribuição: Fox.
Uma resposta
Realmente o filme causa impacto, leva a reflexão… acho que tem um dito popular que se aplica muito bem para a história do filme…
“o pior cego é aquele que não quer ver”
afinal a cegueira ali pode ser metafórica… a cegueira ideológica, o fanatismo, a incompreensão, a rejeição aos “diferentes”… são várias as cegueiras que podem existir…
achei tão desgastante que decidi NÃO ler o livro… depois dessa decisão li um comentário do próprio Saramago dizendo o quanto foi dificil e angustiante para ele escrever, que foi um alivio concluir o livro…
Fiz alguns comentários e comparações no blog-cemitério, tai o link…
http://b1brasil.blogspot.com.br/2010/08/cinema-ensaio-sobre-cegueira.html
JOPZ