Antes de mais nada, é preciso deixar claro que a “despedida” de Despedida em Las Vegas não é uma “despedida” de solteiro. Neste filme escrito e dirigido por Mike Figgis, a partir do livro de John O’Brien, o termo adquire um caráter mais definitivo. Na trama, acompanhamos Ben Sanderson (Nicolas Cage), um roteirista alcoólatra de Hollywood. O vício na bebida fez com que ele perdesse tudo, inclusive a vontade de viver. Ele decide então ir para Las Vegas com um único objetivo: beber até morrer. Lá chegando encontra Sera (Elisabeth Shue), uma prostituta, com quem termina se envolvendo. Despedida em Las Vegas não é um filme romântico, muito menos esperançoso. Trata-se de uma história carregada de tristezas, decepções e com um forte teor depressivo. Figgis, que também compôs a trilha sonora, não “embeleza” nada e a cidade de Las Vegas, com seus letreiros de neon e sua vida noturna torna-se o lugar perfeito para esta descida ao inferno. Nicolas Cage e Elisabeth Shue se entregam e se perdem de maneira soberba em seus papéis e a direção seca e segura de Figgis reforça ainda mais a interpretação dos dois. Preste atenção nas participações rápidas dos diretores Bob Rafelson (homem no shopping) e Vincent Ward (homem de negócios) e nas pontas de Julian Lennon (atendente de bar), Marc Coppola (irmão de Nicolas, como traficante) e Mariska Hargitay (prostituta do bar).
DESPEDIDA EM LAS VEGAS (Leaving Las Vegas – EUA 1995). Direção: Mike Figgis. Elenco: Nicolas Cage, Elisabeth Shue, Julian Sands, Richard Lewis, Kim Adams, Emily Procter, Valeria Golino, Carey Lowell, Lucinda Jenney, Ed Lauter e R. Lee Ermey. Duração: 110 minutos. Distribuição: Universal.
Respostas de 3
Até onde eu lembro, Despedida em Las Vegas foi filmado em S-16mm. O que resultou, após o blow-up para 35mm, numa textura – de certa maneira – granulada. Um recurso acertadíssimo para a atmosfera imposta por Mike Figgis.
Foi por volta dessa época que Nicolas Cage morreu – e surgiu um outro cara, que anda fazendo filmes por aí, usando seu nome. Ou alguma coisa deu errado na filmagem de A Outra Face. Enfim, saudades do “sobrinho do homem” quando ainda não sofria da vaidade de ser Clark Kent.
E o Douglas tem razão: super 16. Figgis usando o suporte como apoio para a linguagem.
Triste, intenso,comovente e marcante.
JOPZ