O siciliano Frank Capra mudou-se para os Estados Unidos quando era adolescente e tornou-se o maior defensor dos ideais americanos. Capra acreditava que um indivíduo seria capaz de mudar o ambiente em que vivia. Ele defendia a honradez de princípios, a bondade de coração, a pureza de espírito e a força de vontade. Sua filmografia é repleta de personagens com essas características. Jefferson Smith, personagem de James Stewart em A Mulher Faz o Homem, ao lado de George Bailey, de A Felicidade Não Se Compra, são os dois mais bem acabados exemplos do cinema capriano. Neste filme, Smith é um jovem idealista que é indicado para assumir a vaga de um senador de seu estado em Washington. Lá chegando, descobre que a corrupção é generalizada e que ricos empresários manipulam os políticos de acordo com seus interesses. Apesar de ter mais de 70 anos, o filme continua bastante atual. Escândalos envolvendo o congresso continuam na pauta do dia. Aos olhos de hoje, a trama pode até parecer um pouco ingênua. Mas, não podemos esquecer que Capra sempre foi fiel aos seus princípios e mesmo se utilizando de uma aparente ingenuidade, consegue discutir questões de grande relevância. Uma curiosidade interessante: A Mulher Faz o Homem foi banido da Alemanha nazista e sofreu cortes e/ou alterações na Itália (de Mussolini), na Espanha (de Franco) e em Portugal (de Salazar). Talvez o cinema de Capra não seja tão ingênuo assim.
A MULHER FAZ O HOMEM (Mr. Smith Goes to Washington – EUA 1939). Direção: Frank Capra. Elenco: James Stewart, Jean Arthur, Claude Rains, Edward Arnold, Guy Kibbee, Thomas Mitchell e Beulah Bondi. Duração: 130 minutos. Distribuição: Sony.