O produtor, roteirista e diretor finlandês Aki Kaurismäki é um dos maiores expoentes do cinema feito nos países que compõem a Escandinávia. Seus filmes têm poucos diálogos, ausência de trilha sonora e lidam, na maioria das vezes, com o tema da solidão. Em A Garota da Fábrica de Caixas de Fósforos somos apresentados a Iris (Kati Outinen), uma jovem que trabalha como supervisora de embalagens na fábrica que dá título ao filme. Seu cotidiano é de uma monotonia ímpar. Imagine uma pessoa que não chama atenção alguma, que parece invisível. Essa é Iris. Certo dia, ela conhece Aarne (Vesa Vierikko), fica grávida dele e acredita ter encontrado a felicidade. Tudo muda depois que Iris recebe uma carta do namorado. Kaurismäki, que também é documentarista, conta sua história com uma crueza desconcertante e, justamente por isso, não conseguimos desgrudar os olhos um minuto sequer. A atriz Kati Outinen, que é professora de arte dramática em Helsinque, tem aqui um de seus melhores desempenhos. Kaurismäki costuma dizer que um filme deve ter no máximo uma hora e meia de duração. Em A Garota da Fábrica de Caixas de Fósforos ele precisou apenas de 72 minutos para contar sua história.
A GAROTA DA FÁBRICA DE CAIXAS DE FÓSFOROS (Tulitikkutehtaan Tyttö – Finlândia 1990). Direção: Aki Kaurismäki. Elenco: Kati Outinen, Elina Salo, Esko Nikarri, Vesa Vierikko, Reijo Taipale e Marja Packanlén. Duração: 72 minutos. Distribuição: Lume.
Respostas de 2
As personagens de Kaurismäki são instigantes. Fico sempre na vontade de conhecê-las pessoalmente. Ademais, ele faz cinema de gente grande. Puro e simples: é no detalhe que reconhecemos as histórias mais incríveis.
Selecionei há tempo o dvd do filme, mas nem lembro qual o motivo de não tê-lo assistido, mas o seu comentário, Marden, foi decisivo. “A garota da caixa…”será um dos filmes que assistirei no final de semana.