O cineasta polonês Krzysztof Kieslowski não é um diretor afeito a soluções fáceis. Dono de uma filmografia das mais ricas e intrigantes, suas obras são plasticamente belas e carregadas de uma complexidade e de espaços vazios que precisam ser preenchidos pelo espectador. Em A Dupla Vida de Véronique, realizado na França pouco antes de sua famosa “Trilogia das Cores” (Azul, Branco e Vermelho), Kieslowski, junto com o roteirista Krzysztof Piesiewicz, conta a história de duas mulheres, Véronique, que vive em Paris, e Weronika, que vive em Varsóvia. Ambas nasceram no mesmo dia e apesar da distância que as separa, sentem a presença uma da outra. Uma estranha e inexplicável ligação que mexe com a vida delas. Kieslowski, fiel ao seu estilo, constrói uma trama envolvente e encontra na atriz francesa Irène Jacob, um dos rostos mais bonitos e expressivos do cinema, a intérprete perfeita para Véronique e Weronika. Além disso, temos a fotografia de Slawomir Idziak para encher os olhos e a música de Zbigniew Preisner para acalmar a alma. Tudo aqui foi pensado para aguçar nossos sentidos e, em alguns momentos, confundi-los. Só não é indicado para pessoas com coração de pedra.
A DUPLA VIDA DE VÉRONIQUE (La Double Vie de Véronique – França/Polônia 1991). Direção: Krzysztof Kieslowski. Elenco: Irène Jacob, Wladyslaw Kowalski, Sandrine Dumas, Guillaume de Tonquedec, Aleksander Bardini, Claude Duneton, Philippe Volter, Halina Gryglaszewska, Jerzy Gudejko e Kalina Jedrusik. Duração: 98 minutos. Distribuição: Versátil.
Respostas de 2
Krzysztof Kieslowski começou sua carreira documentarista. Lembro de uma entrevista em que ele disse ter migrado para a ficção para adentrar em espaços do drama humano difíceis de captar numa entrevista para um documentário. Sua obra, toda ela, é para ver, ouvir e, de certa maneira, abrir espaços para introspecção. Um Mestre, puro e simplesmente.
Belo filme.