A atriz, roteirista e diretora baiana Helena Ignez já conta com mais de seis décadas e meia de carreira. Ela estreou no cinema aos 17 anos no curta Pátio, estreia na direção do conterrâneo Glauber Rocha, seu primeiro marido. A partir daí, Ignez não parou mais e marcou presença em quase 70 trabalhos como atriz em obras marcantes como O Assalto ao Trem Pagador, O Padre e a Moça, e O Bandido da Luz Vermelha, quando tornou-se musa de Rogério Sganzerla, seu segundo esposo. Inquieta, ela passou também a dirigir e realizou 11 filmes até o momento. A Alegria é a Prova dos Nove, de 2023, é o mais recente deles. A obra de Ignez atrás das câmeras é bastante pessoal e remete ao cinema marginal ou “udigrúdi” do qual Sganzerla foi um de seus maiores nomes. Temos aqui algo mais que um filme. A roteirista, produtora, diretora, atriz e ativista nos apresenta um manifesto onde defende múltiplas pautas: do prazer feminino ao poliamor; de questões políticas locais à causa palestina; da importância das amizades e das artes; do divino e do profano; das drogas lícitas e ilícitas. Aparecem personagens e situações que destacam a visão de mundo da provocadora Jarda Ícone, uma artista, sexóloga e roqueira octogenária, alterego de Ignez no filme. Enfim, não há meio-termo nessa turbulenta viagem experimento-confessional. Embarque e aperte os cintos.
A ALEGRIA É A PROVA DOS NOVE (Brasil 2023). Direção: Helena Ignez. Elenco: Helena Ignez, Ney Matogrosso, Thaís de Almeida Prado, Bárbara Vida, Michele Matalon, André Guerreiro Lopes, Djin Sganzerla e Negro Leo. Duração: 101 minutos. Distribuição: Mercúrio Produções.